Um novo estudo publicado na revista científica “Nature” revelou que a Grande Mancha de Lixo do Pacífico, que é uma vasta área do oceano com uma alta concentração de plásticos descartados, está ajudando espécies costeiras a colonizar águas abertas. Esta mancha cobre uma área de 1,6 milhão de quilômetros quadrados e tem cerca de 79 mil toneladas de plástico.
Os pesquisadores descobriram que os resíduos plásticos flutuantes estão criando novos ecossistemas, permitindo a sobrevivência de espécies que normalmente não seriam capazes de sobreviver em águas abertas. Anteriormente, acreditava-se que as restrições fisiológicas ou ecológicas eram os principais fatores limitantes para a colonização do oceano.
Ao contrário do que se pensava inicialmente, a Grande Mancha de Lixo do Pacífico não é uma “ilha” de plásticos, mas é mais semelhante a uma “sopa” ou “ensopado” de plásticos, sendo uma larga porção do oceano com uma alta concentração desses materiais.
Durante a pesquisa, os pesquisadores examinaram 105 itens de plástico coletados na Grande Mancha de Lixo do Pacífico entre novembro de 2018 e janeiro de 2019 e encontraram 484 organismos invertebrados marinhos nos detritos, representando 46 espécies diferentes, das quais 80% normalmente são encontradas em zonas costeiras.
A maioria desses habitantes plásticos são micro-organismos, plantas e algas que se aderem aos animais invertebrados aquáticos, como moluscos e esponjas. Eles conseguem sobreviver e se reproduzir neste ambiente inapropriado porque o plástico não se decompõe e flutua durante muitos anos.
Embora ainda não sejam conhecidas as consequências desse novo tipo de ordenamento, os pesquisadores concluíram que o ambiente oceânico e o habitat plástico flutuante são hospitaleiros para as espécies costeiras e que elas podem sobreviver, reproduzir e ter populações complexas e estruturas comunitárias em mar aberto.