Pelo menos 28 pessoas foram presas em uma operação da Polícia Federal (PF), Polícia Civil (PC-PR) e Receita Federal, deflagrada na manhã desta quinta-feira (4) contra uma organização criminosa ligada ao tráfico internacional e interestadual de drogas na região do Porto de Paranaguá.
Ao todo, 117 ordens judiciais integraram a operação Downfall, sendo 30 mandados de prisão preventiva e 87 de busca e apreensão em endereços, além do Paraná, em outros sete estados: Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Goiás e Espírito Santo.
No Paraná, os mandados de busca e apreensão foram cumpridos simultaneamente em Curitiba (10), Matinhos (1), Morretes (2), Pinhais (1), Ponta Grossa (4), Pontal do Paraná (2) e São José dos Pinhais (1).
De acordo com a PF, a região do Porto de Paranaguá era utilizada para movimentação de droga pelos criminosos, que exportavam grandes quantidades de cocaína e outros ilícitos por meio de contêineres. O destino das drogas eram os portos da Europa, segundo a investigação. Leia mais abaixo.
A administração do Porto de Paranaguá disse que não vai se manifestar porque a operação foi no Terminal de Containers (TCP), de empresa privada.
Em nota, a empresa disse que “colabora com as investigações dos órgãos fiscalizadores e está sempre à disposição para auxiliar no que for necessário, mas deixa a cargo destas mesmas instituições os esclarecimentos sobre o caso”.
“A TCP ressalta que observa todos os protocolos de segurança e realiza a varredura total das cargas que acessam o Terminal com o uso de dois scanners. A TCP também realiza o escaneamento dos contêineres de exportação e importação”, disse a empresa, em nota.
Prisões e apreensões
A Polícia Civil não detalhou as cidades em que os suspeitos de integrar a organização criminosa foram presos.
Além das prisões, em flagrante e preventivas, foram apreendidos 12 veículos, armas, drogas e joias.
De acordo com a PC-PR, também foram decretadas medidas patrimoniais de sequestro de imóveis, bloqueio de bens e valores e aplicações financeiras em um valor estimado em mais de R$ 1 bilhão.
A ação foi formada por 500 policiais, com apoio de 25 auditores da Receita Federal.[
Estrutura logística para o narcotráfico internacional
De acordo com a Polícia Federal, a organização criminosa possuí uma estrutura logística para operacionalizar as ações de narcotráfico interestadual e internacional, com produção de droga no exterior, ingresso e transporte dentro do Brasil, além da preparação e envio de cocaína utilizando o modal marítimo.
Segundo a PF, a droga produzida pelo grupo tinha como principal destino os portos da Europa, por isso, o crime acontecia principalmente na região de Paranaguá, onde exportavam grandes quantidades de cocaína.
De acordo a PC-PR, o grupo ocultava a droga em cargas lícitas, refrigeradores de contêineres e fazia o uso de mergulhadores para inserir a droga em compartimentos submersos dos navios, entre outros métodos.
A investigação indicou, ainda, que o lucro da organização criminosa estava sendo usado para investimentos como compra de aeronaves, barcos, empresas, imóveis, armas e munições.
Lavagem de dinheiro e investimento no setor imobiliário
O crime de lavagem de dinheiro também foi investigado pela operação, como o investimento no setor imobiliário no litoral de Santa Catarina, com aquisição de apartamentos de alto padrão e financiamento de outros empreendimentos.
As construtoras e empresas do setor envolvidas no esquema também foram alvos da ação, pois, de acordo com a investigação, elas são suspeitas de realizarem negócios jurídicos fraudulentos ou não declarados.
Também constataram na investigação o pagamento de imóveis de luxo com altas quantias de dinheiro em espécie.
Homicídios também são investigados
Segundo a PC-PR, a investigação também apurou crimes de homicídio e o aumento de violência relacionado a disputa pelo controle do tráfico de drogas em Paranaguá.
Ainda de acordo com a polícia, o responsável pelos crimes tem extensa ficha criminal, sendo suspeito de financiar mortes de integrantes de grupos rivais. O homem, que não teve o nome divulgado, ficou cinco anos foragido, mas foi preso em 2021 em um clínica de cirurgia plástica em São Paulo, onde tentava mudar o rosto.
“A investigação constatou a relação direta da organização criminosa com o aumento da violência em Paranaguá e no litoral, sendo responsável, inclusive, por um atentado com incêndio de dois veículos na Delegacia de Polícia de Matinhos em 16 de abril de 2020, demonstrando o altíssimo grau de periculosidade”, disse a polícia, em nota.
Segundo a Delegada da PC, Ana Cristina Ferreira da Silva, o líder da organização atuava no tráfico internacional de drogas.
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