A região de Campinas (SP) registrou neste ano temperaturas dentro do esperado, mas chuvas abaixo da média histórica, para o outono, estação que chegou ao fim na manhã desta quarta-feira (21). Já para o inverno, é esperada forte influência do fenômeno El Niño (entenda abaixo como ele deve impactar).
Segundo o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, durante o outono meteorológico, que compreende o trimestre de março a maio, a região teve em média temperaturas mínimas de 16,6ºC, bem próximo aos 16,9ºC esperados para o período.
Já em relação às máximas, a média foi de 28,1ºC, ainda mais perto do previsto, que é de 28,2ºC.
Se por um lado os termômetros se mantiveram como o habitual no outono, por outro as chuvas acumuladas ficaram abaixo: foram 237,4 milímetros contabilizados na estação deste ano, enquanto a média histórica é de 294,8mm.
O meteorologista do Cepagri Bruno Bainy explicou que os meses de março e maio foram os responsáveis por deixar o volume de chuva abaixo da média.
“Em março e abril houve uma boa distribuição de chuvas ao longo dos meses, mas apesar disso, março registrou chuvas abaixo da média, e em abril a média de chuvas foi superada. [Em maio] Chuvas foram registradas somente nos últimos dias, e não foram suficientes para atingir a média do mês”, detalhou.
Veja os comparativos na tabela abaixo:
Clima no outono em Campinas
2023 | Média histórica | |
Temperatura mínima média | 16,6ºC | 16,9ºC |
Temperatura máxima média | 28,1ºC | 28,2ºC |
Chuvas acumuladas | 237,4 mm | 294,8 mm |
O inverno e o ‘Super El Niño’
As ondas de frio mais intenso na reta final do outono levantaram a hipótese de um inverno ainda mais rigoroso na região de Campinas. No entanto, do que depender da previsão dos meteorologistas, isso não deve acontecer.
Tudo porque a estação que, em tese, é a mais fria deve ser impactada consideravelmente neste ano pelo El Niño, fenômeno que promove o aquecimento das águas do Oceano Pacífico e determina mudanças nos padrões de transporte de umidade.
Por causa dessas mudanças climáticas, há a expectativa de que o fenômeno se configure em um Super El Niño desta vez, como reforça Bainy.
“A previsão é de que o inverno tenha forte influência do El Niño nas temperaturas. A expectativa é de que, a longo prazo, as temperaturas fiquem acima da média, porque o El Niño dificulta a chegada de frentes frias na região. Vão ter episódios de frios, pode até ter uma intensidade moderada, mas deve ser mais ocasional.”
“A gente deve ter períodos mais quentes, principalmente a partir de agosto, talvez [algo que] configure uma onda de calor. Um desvio a longo prazo de aproximadamente 1,5ºC acima da média. É expressivo, apesar de não parecer um valor tão elevado, mas é expressivo a longo prazo.”
E as chuvas?
Por fim, o meteorologista do Cepagri aponta que as chuvas no inverno devem ficar dentro da média, que, no entanto, já é baixa. Apesar disso, os modelos meteorológicos descartam estiagens mais severas.
“A expectativa é de que a gente vá ter chuvas dentro ou um pouco abaixo da média, não temos indicativos de estiagem severa para esse trimestre [julho, agosto e setembro], mas é uma época muito seca. Em setembro, as chuvas já retornam com alguma regularidade, volumes um pouco mais expressivos.”
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