Nos últimos tempos, é provável que você tenha ouvido falar sobre o El Niño, um fenômeno meteorológico que resulta no aquecimento anormal das águas do Pacífico. A comunidade científica ainda não possui um entendimento completo de suas causas, mas é bem sabido que o El Niño tem afetado a vida humana por milênios.
Uma trágica pista da interação humana com esse fenômeno climático foi descoberta recentemente, mostrando como o povo chimú, que habitava a região que hoje conhecemos como Peru, desesperadamente tentou pôr fim às chuvas torrenciais que assolavam sua vila.
Sem compreender e acreditando que as chuvas, partia de um resultado da ira divina, aos sacerdotes chimús decisão oferecer crianças em sacrifício.
Descobertas arqueológicas revelam que, em 2019, foram encontrados 227 corpos na cidade costeira de Huanchaco, situada a cerca de 600 km da capital peruana, Lima. A análise do solo onde as crianças enterradas revelou traços de lama, sugerindo que as mortes ocorreram durante períodos de chuvas intensas. Portanto, essa informação reforça a hipótese de que os assassinatos estavam relacionados ao clima.
Desde a descoberta desses restos mortais, o sacrifício de crianças chimús se tornou o maior exemplo conhecido de sacrifício infantil. Anos antes, outros 200 corpos de crianças, encontrados em diferentes regiões do território peruano. Os antropólogos acreditam que essas mortes ocorreram há mais de 500 anos.
O povo chimú alcançou seu apogeu entre os anos de 1200 e 1400, sendo posteriormente dominado pelos incas e, por fim, pelos espanhóis.
Os sacrifícios eram dedicavam-se ao deus Shi, associado à Lua. Assim, ao contrário dos incas, que adoravam o Sol, os chimús acreditavam que a Lua representava uma divindade mais poderosa.
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No ano passado, em 2022, mais 76 sepulturas foram encontradas na cidade de Huanchaco, revelando mais corpos de crianças sacrificadas pelo antigo povo chimú em rituais religiosos.
“À medida que íamos escavando, ficamos surpresos ao encontrar mais e mais restos mortais a cada 10 a 20 centímetros. Percebemos que eram crianças. Os sacrifícios motivaram-se por eventos como escassez de chuva, secas, problemas políticos ou guerras. Estamos investigando várias hipóteses”, assim relatou o arqueólogo Luis Flores à AFP.
Ao todo, os pesquisadores pois já descobriram mais de 300 corpos de crianças, com idades entre 5 e 14 anos, pertencentes ao antigo povo chimú.
Além dos chimús, os incas também praticavam sacrifícios humanos. Em evidências, encontradas por Arqueólogos ossadas, nas montanhas do Peru e da Argentina, sugerindo que pessoas oferecidas como sacrifício, mas com um propósito diferente. Os incas realizavam esses rituais para se protegerem de erupções vulcânicas.
Após a chegada dos espanhóis e a subsequente dominação, os sacrifícios em honra aos antigos deuses andinos cessaram. No entanto, isso não significou o fim da violência em nome da fé, uma vez que séculos depois, houve assassinatos de pessoas em nome da Inquisição.