Nesta quinta-feira (20), é comemorado o Dia Nacional do Biscoito, o que traz à tona uma das batalhas linguísticas mais acirradas do Brasil: afinal, é biscoito ou bolacha? Para pôr fim a essa disputa aparentemente interminável, especialistas explicam que não existe uma resposta definitiva, pois se trata de variação linguística e regionalismo.
Segundo o linguista Eric Silva, as duas palavras referem-se à mesma coisa e variam de acordo com a localidade onde são utilizadas. Ao longo dos séculos, algumas regiões do país favoreceram e naturalizaram mais um termo em detrimento de outro, levando ao desuso do segundo termo e contribuindo para acentuar as diferenças linguísticas regionais.
As origens das palavras também contribuem para essa multiplicidade de termos. Biscoito tem origem no termo “biscuit”, de origem francesa, enquanto bolacha surgiu como uma tradução de “cookie”, do inglês, indicando o sentido de “pequeno bolo”.
O bacharel em letras Guilherme Henrique Marques destaca que esse fenômeno de variação linguística é muito comum no Brasil e apresenta outros exemplos, como macaxeira, aipim e mandioca; pombal e estojo; e salsicha e vina.
Marques ressalta que a variação é um processo orgânico e que ocorre naturalmente em um idioma vivo, adaptando-se às mudanças históricas, sociais, situacionais e geográficas. Por exemplo, o uso de “vossa mercê” no português antigo foi atualizado para “você” na linguagem contemporânea. Da mesma forma, há uso de gírias, jargões em comunidades específicas e diferenças regionais, como o caso de biscoito e bolacha.
Portanto, diante dessa diversidade linguística, é essencial compreender que a escolha de uma palavra em detrimento da outra não altera a compreensão do diálogo. É uma característica enriquecedora do idioma brasileiro, moldada por sua história de colonização, disputas territoriais e imigração.
Neste Dia Nacional do Biscoito, celebremos a riqueza da língua portuguesa e suas nuances regionais, pois, afinal, seja biscoito ou bolacha, o importante é saborear essa delícia culinária sem rivalidades linguísticas.