A cidade de Campinas (SP) está às voltas com uma alarmante explosão de casos de dengue, aproximando-se de um triste marco: a possível maior epidemia da doença já registrada em sua história. Com um total de 63.357 infectados até a manhã desta quarta-feira (24), o município está logo atrás das 65.754 notificações contabilizadas ao longo do ano de 2015.
A metrópole encontra-se no auge da temporada de dengue, marcada por uma característica peculiar da epidemia, conhecida como pico da doença. Entre os dias 31 de março e 6 de abril (semana epidemiológica 14), a cidade registrou um número alarmante de pelo menos 8.084 moradores infectados, o maior volume de casos em uma única semana em toda a série histórica disponível no Painel de Arboviroses, que compila dados desde 2012. Esse número ultrapassa até mesmo o pico anterior registrado na semana epidemiológica 12, quando os índices de 2015 foram superados.
Para analisar o cenário da epidemia em Campinas e as perspectivas após o pico, o g1 entrevistou Fausto Marinho, coordenador do Programa de Arboviroses de Campinas, e o médico epidemiologista André Ribas Freitas, professor da Faculdade São Leopoldo Mandic e membro do grupo de trabalho do Ministério da Saúde sobre a dengue.
Expectativas após o pico e influência climática
Como é comum nas epidemias de dengue, espera-se que, após atingir o pico, a cidade entre em um platô e registre uma redução de infectados a partir de maio. Esse declínio é influenciado significativamente pelas condições climáticas, com a chegada dos dias mais frios reduzindo a atividade do mosquito transmissor.
Fausto Marinho destaca a expectativa por uma queda mais acentuada das temperaturas, uma vez que a manutenção de dias quentes prolonga a transmissão da doença. Porém, de acordo com o meteorologista Bruno Bainy, do Cepagri da Unicamp, não há indicativos de uma queda significativa das temperaturas, prevendo-se que estas permaneçam acima da média para o período nas próximas semanas.
Estratégias de controle e perspectivas futuras
André Ribas salienta que, no caso da dengue, o trabalho para o controle de criadouros, que depende em grande parte da colaboração da população, continua sendo a melhor forma de combater a doença. Além disso, ele menciona alternativas como a soltura de mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia, uma estratégia promissora já adotada em alguns municípios brasileiros.
Quanto ao uso de vacinas contra a dengue, Ribas acredita que, nos próximos anos, quando houver uma oferta mais ampla e novos imunizantes estiverem disponíveis, estas poderão ser uma ferramenta importante no combate à doença.
Alerta à população e medidas de prevenção
Diante do atual cenário, as autoridades de saúde reforçam a importância da prevenção e orientam a população a adotar medidas como a eliminação de criadouros do mosquito transmissor e o uso de telas de proteção nas janelas.
A dengue, uma doença grave, causa febre alta e repentina, dores no corpo, manchas vermelhas na pele, vômitos e diarreia, podendo levar à desidratação. Portanto, é fundamental que a população esteja atenta aos sintomas e siga as orientações das autoridades de saúde.
A Prefeitura de Campinas, em nota, destaca as medidas adicionais adotadas desde dezembro de 2023 para combater a epidemia, incluindo a realização de mutirões de limpeza e a reorganização da rede municipal de saúde.
Em resumo, o combate à dengue exige o esforço conjunto de toda a sociedade, com a colaboração ativa da população e o apoio efetivo das autoridades de saúde. A prevenção é a melhor arma contra essa grave doença.