Nos últimos 15 meses, a região de Campinas, em São Paulo, testemunhou um aumento alarmante de 38,6% no número de pacientes aguardando por exames médicos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com dados obtidos pela EPTV, afiliada da TV Globo, via Lei de Acesso à Informação (LAI), em dezembro de 2022, aproximadamente 9,6 mil pessoas estavam na fila de espera. Em março deste ano, esse número saltou para 13,3 mil.
Segundo informações da Secretaria Estadual de Saúde, o índice de exames realizados na rede pública das cidades do Departamento Regional de Saúde 7 (DRS-7), que engloba a região de Campinas, foi de 9,4 mil entre janeiro e março deste ano. Os números de 2022 e 2023 também apontam para um aumento nos procedimentos realizados, registrando 22,5 mil e 28,4 mil, respectivamente.
Os cinco exames mais requisitados pelos pacientes em 2024, de acordo com o levantamento obtido junto ao governo estadual, incluem Ressonância Magnética, Tomografia, Cateterismo, Cintilografia e Angiotomografia.
Entretanto, por trás desses números, há histórias de dramas individuais, como a da dona de casa Ângela de Araújo, cuja filha Yasmin, de apenas seis anos, aguarda por uma ressonância magnética em Sumaré (SP). O atraso no diagnóstico deixou a família preocupada. “A gente liga e eles mandam esperar, enquanto isso a Yasmin vai inchando, sentindo dor”, desabafou Ângela, emocionada.
O atraso na realização desses exames tem consequências sérias no tratamento dos pacientes, alertou um médico endocrinologista e coordenador do curso de Medicina da Unip, em Campinas. “Esse paciente sem saber que estágio da doença ele está ou que doença ele tem, ele não consegue tratar, porque as doenças muitas vezes oferecem diagnósticos contraditórios”, explicou Arnaldo Moura Neto.
Diante desse cenário, é essencial traçar estratégias para diminuir a demanda reprimida de procedimentos. “Tem que fazer um planejamento para que a rede consiga absorver os tratamentos que serão gerados por esses exames. Esses funis precisam andar juntos”, completou o especialista.
Em resposta às preocupações levantadas, a Secretaria Estadual de Saúde afirmou que o aumento nos exames se deve ao atraso causado pela pandemia da Covid-19. Sobre o caso específico de Yasmin, a pasta se comprometeu a avaliar a situação.