A região de Campinas (SP) está enfrentando a maior onda de calor durante o outono em 35 anos, de acordo com o Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura), da Unicamp. Essa sequência prolongada de dias com temperaturas muito acima da média tem gerado um aumento significativo no consumo de água, causando reflexos nos reservatórios e no abastecimento em diversas cidades da região.
Em Sumaré (SP), por exemplo, os moradores têm enfrentado a falta constante de água nas torneiras, com cortes que chegam a durar até 30 horas. Maria Aparecida Ribeiro, moradora do Jardim Terra Nova, relata os desafios diários causados pela escassez de água, que afeta desde tarefas básicas como lavar roupa até as necessidades essenciais da família.
Daniel Makino, gerente de eficiência operacional da BRK Ambiental, empresa responsável pelo abastecimento em Sumaré, destaca que, apesar dos esforços para ampliar a captação e o tratamento de água, o aumento no consumo devido às altas temperaturas tem sido significativo.
Em Vinhedo (SP), os impactos do calor fora de época e do aumento do consumo já são visíveis nos reservatórios da cidade, com bancos de areia aparecendo em áreas que antes estavam cobertas por água. A companhia de saneamento básico da cidade atribui esse cenário ao aumento de 30% no consumo provocado pelas altas temperaturas.
Diante desse cenário preocupante, o professor e pesquisador da Unicamp, Antônio Carlos Zuffo, especialista em recursos hídricos, ressalta a importância do investimento em infraestrutura para lidar com os períodos de estiagem. Ele destaca a necessidade de aprimorar sistemas de distribuição e reduzir as perdas de água ao longo do processo de tratamento e entrega às residências, como medidas essenciais para garantir o abastecimento em meio às condições climáticas desafiadoras.
A situação evidencia a urgência de ações preventivas e de investimentos em infraestrutura para garantir a segurança hídrica da região diante das mudanças climáticas cada vez mais evidentes.