Dados coletados por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) revelam um aumento significativo na média das temperaturas máximas na capital paulista ao longo das últimas nove décadas. Segundo o levantamento, a média das temperaturas máximas subiu de 24,4°C entre 1935 e 1944 para 26,5°C entre 2015 e 2024. Esse aquecimento é apontado como um reflexo das mudanças climáticas na região metropolitana de São Paulo.
O estudo, realizado a pedido da TV Globo para a série “Que tempo é esse?”, destaca que os dias de calor intenso se tornaram mais frequentes a cada década na cidade. Enquanto entre 1935 e 1944 foram registrados apenas quatro dias com temperaturas acima de 35°C, esse número saltou para 51 entre 2015 e 2024. O professor Paulo Pellegrino, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, enfatiza a importância de adaptar a cidade para proporcionar condições mínimas de conforto diante desse cenário climático.
Segundo Pellegrino, as mudanças climáticas globais têm causado ondas de calor mais intensas e eventos climáticos extremos. Ele ressalta a necessidade de medidas de adaptação, como a instalação de pontos de água potável em toda a cidade e o provimento de áreas de sombra de qualidade, por meio de arborização e mobiliário urbano adequado.
A engenheira Denise Duarte, também docente da FAU/USP, alerta para a urgência em lidar com o calor, uma “emergência silenciosa” que pode ter impactos significativos na saúde pública. Ela destaca a importância de proporcionar condições adequadas para as pessoas, especialmente aquelas mais expostas e vulneráveis ao calor intenso.