O ano começou com uma relativa estabilidade nos preços dos alimentos que compõem a cesta básica, porém, recentes dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq-USP apontam uma mudança significativa. Em março, os alimentos registraram um aumento de 2,5%, e os efeitos das questões climáticas podem ser sentidos na região de Piracicaba nos próximos meses.
De acordo com Carlos Vian, professor e pesquisador da Esalq-USP e delegado municipal adjunto do Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo (Corecon), em Campinas, a recente catástrofe no Sul do país terá um impacto relevante na produção de diversos alimentos. Além disso, a região do Rio Grande do Sul desempenha um papel crucial na logística de transporte de produtos para o interior de São Paulo e outras regiões do Brasil.
Alimentos como arroz, cebola e batata estão entre os que podem ter seus preços afetados nos próximos meses. A produção de carne também pode ser indiretamente impactada, uma vez que o Sul do Brasil é uma importante região na produção de soja, matéria-prima para ração animal.
Além disso, eventos climáticos extremos têm se tornado mais frequentes nos últimos anos, afetando diretamente a produção agrícola. Secas, invernos rigorosos e chuvas excessivas têm potencial para impactar a disponibilidade e os preços dos alimentos.
Diante deste cenário, o governo discute propostas de reforma tributária que podem impactar a produção e comercialização de alimentos no Brasil. A ideia de estabelecer uma Cesta Básica Nacional de Alimentos, com imposto zero para produtos essenciais, recebe críticas e elogios, mas ainda é tema de debates entre especialistas e representantes do setor.
Apesar das incertezas quanto aos impactos das mudanças climáticas e das reformas tributárias, a população aguarda medidas que possam garantir a estabilidade e o acesso a alimentos de qualidade a preços acessíveis.