Um relatório divulgado nesta terça-feira (28) por organizações internacionais revela que os brasileiros tiveram que lidar com quase três meses a mais de calor nos últimos doze meses devido às mudanças climáticas. A análise, conduzida em conjunto por entidades como World Weather Attribution, Climate Central e o Centro Climático da Cruz Vermelha, comparou os dados de 2023 e 2024 com a média de décadas anteriores.
Segundo o relatório, um dia foi considerado anormal se a temperatura excedesse 90% das temperaturas diárias registradas entre 1991 e 2020. Esse critério revelou que o Brasil enfrentou 83 dias de calor fora do comum, quase três vezes mais que a média global de 26 dias.
Mais de 6 bilhões de pessoas em todo o mundo foram expostas a temperaturas nunca antes vistas nos últimos 29 anos, conforme aponta o estudo. Os países mais próximos à linha do Equador foram os mais afetados, com o Suriname liderando com 182 dias de calor extremo, seguido pelo Equador com 180 dias.
Os últimos doze meses foram os mais quentes já registrados no planeta, resultado das mudanças climáticas provocadas pela queima de combustíveis fósseis. O aumento na quantidade de gases de efeito estufa na atmosfera, como o CO2, é apontado como a principal causa desse aquecimento.
No Brasil, os impactos foram evidentes: aumento na incidência e duração das ondas de calor, temperaturas acima da média, e extremos climáticos como seca no Norte e chuvas intensas no Sul.
Embora o país tenha sido influenciado pelo fenômeno natural El Niño, os especialistas destacam que o calor atípico está diretamente relacionado às mudanças climáticas. Mesmo considerando os efeitos do El Niño, os recordes de temperatura dos últimos 12 meses ultrapassam qualquer precedente.
O estudo sugere que, sem as mudanças climáticas, o Brasil teria experimentado 18 dias a menos de calor extremo no período analisado. Esses resultados destacam a urgência de medidas globais para enfrentar o aquecimento global e seus impactos devastadores.