Acordar após um pesadelo nunca é uma boa sensação, e os sonhos ruins podem ser sinal de doenças perigosas. Cientistas têm apontado que, se acontecem de maneira frequente na meia-idade, os pesadelos podem ser indicativos perigosos do desenvolvimento de demência e de declínio cognitivo no futuro.
Durante um painel no Congresso Europeu de Neurologia (EAN) de 2024, realizado na Finlândia no início de julho, o neurologista Abidemi Otaiku apresentou novos dados de uma pesquisa que ele já havia publicado em 2022 e que reúne evidências conectando os pesadelos à frequência de demência na terceira idade.
Segundo o trabalho original de Otaiku, feito com 3 mil voluntários, adultos de meia idade que acordavam com pesadelos ao menos uma vez por semana tinham até quatro vezes mais probabilidade de sofrer declínio cognitivo na década seguinte do que aqueles sem sonhos angustiantes. Entre pessoas acima dos 80 anos, o risco de ser diagnosticado com demência era o dobro dos que tinham sono regular.
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Curiosamente, o estudo descobriu que as associações entre os quadros eram muito mais fortes para os homens do que para as mulheres. Por exemplo, homens mais velhos que tinham pesadelos toda semana tinham cinco vezes mais probabilidade de desenvolver demência do que os que não relatavam pesadelos. Nas mulheres, no entanto, o aumento do risco foi de apenas 1,5 vez.
O estudo atual expandiu a pesquisa anterior para tentar controlar variáveis genéticas que podiam estar influenciando os dados coletados. Ao analisar dados de exames de sangue, amostras de saliva e histórico familiar dos voluntários, o cientista tentou eliminar a influência do histórico familiar.
Embora haja uma queda nos registros, a maior incidência de demência em quem tinha pesadelos seguiu sendo observada em ambos grupos.
Os cientistas que participaram do painel acreditam que o distúrbio comportamental do sono REM (movimento rápido dos olhos, quando há maior frequência de sonhos durante a noite) possa ser um dos responsáveis pela maior incidência de demência entre os indivíduos pesquisados, mas faltam evidências científicas para confirmar a associação.
Fonte: Metrópoles