O total de perdas com golpes realizados por meio do PIX deve ultrapassar os US$ 635,6 milhões (aproximadamente R$ 3,7 bilhões) no Brasil até 2027, de acordo com o Relatório de Fraude Scamscope, desenvolvido pela ACI Worldwide em parceria com a GlobalData. Os “golpes do PIX” ocorrem quando criminosos coagem as vítimas a realizar transferências para contas controladas por golpistas.
Essas fraudes geralmente envolvem a utilização de “contas-mula”, que servem para dividir e transferir os recursos de forma a dificultar o rastreamento pelas instituições financeiras. Os golpistas também podem converter o dinheiro em ativos digitais.
Como a fraude acontece?
Cleber Martins, vice-presidente global de inteligência de pagamentos e soluções de risco da ACI Worldwide, explica que os golpes via PIX frequentemente envolvem técnicas de engenharia social, onde o criminoso usa persuasão para manipular a vítima. Existem dois principais métodos:
- Convencimento: O golpista tenta convencer a vítima de que a transação é legítima e necessária.
- Confiança herdada: O criminoso clona o WhatsApp de familiares ou amigos da vítima para pedir dinheiro, ou estabelece um vínculo de confiança com a vítima.
Martins ressalta que criminosos estão utilizando inteligência artificial para criar conversas mais convincentes, o que torna a fraude via confiança herdada um dos tipos que mais cresce.
Principais fraudes no Brasil
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) identificou várias tentativas de golpe comuns no país, incluindo:
- Golpe do falso funcionário de banco: Criminosos se passam por funcionários de banco e solicitam dados bancários para realizar transferências fraudulentas.
- Golpe do falso recibo: Fraude envolvendo recibos falsos que parecem legítimos, mas não refletem uma verdadeira transação.
- Golpe do falso WhatsApp: Criminosos replicam contas de WhatsApp para pedir dinheiro aos contatos da vítima.
- Golpe do falso leilão: Sites falsos de leilão oferecem produtos a preços abaixo do mercado, solicitando pagamentos antecipados sem entregar os itens.
- Golpe do acesso remoto: Fraudadores convencem a vítima a instalar aplicativos que permitem o acesso remoto ao celular e dados pessoais.
Além disso, a pesquisa da ACI Worldwide aponta que as principais formas de fraude envolvem pedidos para transferências como adiantamento de pagamento, compra de produtos, e investimentos em empresas.
Medidas de proteção
Para se proteger contra esses golpes, os especialistas recomendam:
- Confirme informações diretamente com o banco: Nunca ligue para números de telefone fornecidos em mensagens suspeitas. Sempre use os canais oficiais do seu banco.
- Desconfie de ofertas vantajosas: Se algo parece bom demais para ser verdade, desconfie, especialmente se houver senso de urgência.
- Verifique transações: Sempre confirme se o dinheiro foi transferido corretamente antes de entregar produtos.
- Habilite verificação em duas etapas: Configure a verificação em duas etapas no WhatsApp e outros aplicativos bancários.
- Proteja suas informações pessoais: Cuidado com a exposição de dados nas redes sociais e em sites não confiáveis.
Os bancos têm investido em campanhas de conscientização, mas os especialistas apontam que são necessárias mais iniciativas para fortalecer a segurança do PIX e combater as fraudes. Em junho, a Febraban e o Banco Central começaram a trabalhar em melhorias no Mecanismo Especial de Devolução (MED), que visa facilitar a devolução de recursos em casos de fraude, com implementação prevista para o final de 2025.