Um estudo recente da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) revela um notável aumento na participação feminina como proprietária de motos no Brasil. Nos últimos 20 anos, a proporção de mulheres que possuem veículos de duas rodas quase dobrou, subindo de 15,9% em 2000 para 28,4% em 2023.
O levantamento analisou o Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam), que atualmente lista 34,2 milhões de motos no país. Esse crescimento significativo reflete uma mudança nas preferências e no perfil dos motociclistas brasileiros, envolvendo tanto motocicletas quanto motonetas. Estas últimas, com seu design que permite ao condutor sentar-se com as pernas juntas, têm atraído um público feminino crescente.
A Honda, por exemplo, observou que 60% dos compradores da scooter Elite 125 são mulheres. A fabricante atribui essa preferência ao peso, tamanho, design, segurança e desempenho urbano do modelo. No primeiro semestre de 2024, os scooters e CUBs representaram 36% das vendas, um aumento de 4% em relação ao mesmo período de 2023, atingindo a maior participação de mercado desde 2019.
A facilidade de condução, proporcionada pelo câmbio automático das scooters, também tem atraído novos usuários. Para pilotar esses veículos, é necessário apenas acelerar e frear, tornando a experiência mais acessível para aqueles que estão começando a aprender a dirigir.
Além das mudanças no perfil dos proprietários, o estudo da Senatran revelou que mais da metade dos donos de motos — 17,5 milhões dos 34,2 milhões registrados — não possuem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) apropriada para a categoria (A ou AB). Este dado representa 53,8% do total de proprietários, embora isso não indique necessariamente que esses indivíduos estejam circulando de maneira irregular.
“O dado sugere a possibilidade de uso de veículos compartilhados, aluguel de motocicletas, ou mesmo o uso de veículos de familiares e amigos, refletindo uma mudança nas dinâmicas de condução no Brasil”, observa o levantamento.
A evolução no perfil dos motociclistas e o crescimento na participação feminina são sinais de transformação no mercado de veículos de duas rodas, enquanto questões relacionadas à habilitação e ao uso de veículos continuam a ser pontos importantes para as autoridades de trânsito.