Na edição desta sexta-feira (13), o Jornal Hoje destacou o alerta sobre o abastecimento de água em várias regiões do Brasil, acendido pela prolongada falta de chuvas. O recuo nas margens de rios e represas tem gerado dificuldades significativas para a navegação, com ilhas e bancos de areia se tornando obstáculos para quem precisa cruzar as águas. Emerson Ribeiro Palese Inacio, subinspetor da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo, relatou que essa situação tem levado a um aumento de acidentes: “A gente acaba auxiliando muitas pessoas, os navegantes, porque as pessoas não têm a percepção que diminuiu tanto o nível da água.”
Em São Paulo, dos sete conjuntos de reservatórios que abastecem a região metropolitana, cinco estão com capacidade abaixo da média dos últimos cinco anos. O sistema Cantareira, o principal reservatório da região, opera com 54,8% de sua capacidade, comparado a 71% no mesmo período de 2023. André Gois, superintendente de Produção de Água da Sabesp, explicou que, apesar do baixo nível, a situação é relativamente estável comparada a anos anteriores: “Se você comparar somente 2023, vai estar abaixo, mas se comparar com 2022, vai ver que vai ter sistema mais baixo do que o de 2023.”
O Guarapiranga, outro reservatório crítico, está funcionando com apenas 40% de sua capacidade. Frequentadores notaram que, há três meses, a água estava muito mais próxima da margem, evidenciando a gravidade da situação. Gois ressaltou que, após a crise hídrica de dez anos atrás, São Paulo realizou obras para interligar represas e bombear água do rio Paraíba do Sul para o Cantareira, o que tem ajudado a manter algum nível de normalidade.
A seca, no entanto, não se limita a São Paulo. Segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), bacias hidrográficas nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste estão em níveis críticos de estiagem, classificados como severos, extremos ou excepcionais em agosto. Elisângela Broedel, pesquisadora do Cemaden, alertou sobre a possível intensificação da seca em regiões como o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, e o Paraná nos próximos meses: “Não estamos em uma condição que nos permita desperdiçar nenhuma gota,” enfatizou.
Especialistas reforçam a necessidade urgente de economizar água para enfrentar o cenário crítico e minimizar os impactos da estiagem prolongada.