Os preços do café alcançaram máximas históricas nesta sexta-feira (13) na Bolsa Intercontinental, impulsionados por perspectivas preocupantes para a produção global devido a condições climáticas adversas. Especialistas e participantes do mercado estão alertando para uma potencial crise no abastecimento de café, com os preços refletindo a gravidade da situação.
O café robusta, amplamente utilizado na produção de café instantâneo e bebidas prontas, atingiu o preço mais alto desde o início da negociação do contrato em 2008, com o valor chegando a US$ 5.281 por tonelada métrica. O preço subiu 3,7% apenas nesta sexta-feira e 10% ao longo da semana. Já o café arábica, conhecido por seu sabor mais suave e preferido por cafeterias sofisticadas, como a Starbucks, alcançou o preço mais elevado desde 2011, a US$ 2,6045 por libra-peso. Esta variedade viu um aumento de 4% na sessão de sexta-feira e de 9,9% na semana.
O aumento nos preços está diretamente relacionado à seca severa que atinge o Brasil, o maior produtor global de café. Este fenômeno climático está gerando preocupações sobre a safra de 2025, que é crucial para o abastecimento mundial. “As safras estão realmente estressadas, em condições muito ruins, é triste de ver”, comentou Jonas Ferraresso, agrônomo de café que presta consultoria em São Paulo e Minas Gerais. Ferraresso alerta que, mesmo que as chuvas retornem em outubro, as árvores de café podem não ter energia suficiente para converter flores em frutos.
A Fundação Procafé também indicou que é improvável que o Brasil consiga produzir uma grande safra no próximo ano, dada a condição atual das árvores de café. A situação é igualmente preocupante no Vietnã, o segundo maior produtor mundial e o principal produtor de robusta. O tufão Yagi causou devastação no país, com fortes chuvas impactando as áreas de cultivo de café pouco antes da colheita. As chuvas podem resultar na queda dos grãos e prejudicar a qualidade do café, além de afetar as operações de secagem.
Além disso, o padrão climático La Niña, previsto para se desenvolver, pode trazer um clima mais úmido para o Vietnã e condições mais secas para o Sudeste do Brasil, exacerbando os desafios para ambas as regiões cafeeiras. “O La Niña geralmente traz condições mais secas para as regiões cafeeiras do Sudeste do Brasil e condições mais úmidas para as terras altas do Vietnã”, afirmou um corretor de café dos EUA, destacando que essa combinação é indesejável para ambas as regiões.
Em outros mercados de commodities, o cacau subiu 1,4% em Nova York, alcançando US$ 7.695 por tonelada, e 0,9% em Londres, para 5.362 libras por tonelada. O açúcar bruto de outubro caiu 0,3%, para 19,01 centavos de dólar por libra-peso, enquanto o açúcar branco de outubro subiu 1,6%, para US$ 548,60 por tonelada.