O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estima que os incêndios na Ilha do Bananal, que possui uma área total de 2 milhões de hectares, já consumiram cerca de 720 mil hectares em 2024. Esse total representa uma área quase cinco vezes maior que a cidade de São Paulo.
A Ilha do Bananal, reconhecida como uma reserva da biosfera, abriga três etnias indígenas e povos isolados, sendo um ponto de encontro entre os biomas do Cerrado, Pantanal e Amazônia. As tropas do Exército estão atuando no combate aos incêndios, mas as operações são limitadas a áreas acessíveis por terra, já que não há previsão de envio de helicópteros para reforçar a ação.
Os danos causados pelos incêndios são alarmantes, afetando a vegetação e a fauna local. Brigadistas relataram avistamentos de várias espécies de animais sem vida ou em busca desesperada de água e alimentos. “Não temos efetivo suficiente para expandir a operação para atender essas outras necessidades que são reais nesse momento”, afirmou Ueslei Pedro Leal de Araujo, chefe de operações da brigada.
O fogo também se espalha para outras áreas do Tocantins, onde foram registrados 372 focos de incêndio apenas no último fim de semana. O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) está monitorando parques estaduais, incluindo o Jalapão e o Cantão, que também sofrem com a situação crítica.
Seca Extrema e seus Efeitos
A estiagem extrema tem intensificado os problemas enfrentados na Ilha do Bananal. O Lago Sohoky, o maior da ilha, está praticamente seco, o que prejudica tanto a fauna aquática quanto as comunidades indígenas que dependem da pesca. Cleber Javaé, chefe da brigada indígena, expressou sua preocupação: “Estamos monitorando e muito preocupados com essa situação”.
Um momento tocante foi registrado quando um quati-de-cauda-anelada foi visto em busca de água, simbolizando a luta pela sobrevivência em um ambiente cada vez mais hostil. As complicações são enormes para a vida aquática e terrestre, que depende do lago para beber água.
A situação na Ilha do Bananal é crítica, e a combinação de incêndios e seca extrema está colocando em risco não apenas a biodiversidade da região, mas também a subsistência das comunidades indígenas que habitam a ilha.