As queimadas que devastam áreas agropecuárias no Brasil têm contribuído para uma alta de 8,88% na produção de carne bovina em setembro. Segundo Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP em Piracicaba, a influência das queimadas é indireta, afetando a alimentação do gado.
Na última sexta-feira (20), o Indicador Cepea/B3 registrou o preço da arroba de 15 kg a R$ 261,05. A valorização é atribuída à escolha de muitos produtores de não confinar o gado durante a entressafra, devido aos baixos preços anteriores. Carvalho destacou que, em junho, a média da arroba foi de R$ 220, o menor valor do ano.
A escassez de insumos para ração, como bagaço de cana-de-açúcar e milho, também resulta das queimadas, que têm devastado culturas essenciais para a alimentação do gado. “O impacto não vem da falta de pastagem, mas das outras culturas que servem de alimentação”, explica Carvalho.
A situação pode se agravar no início de 2025, caso a estiagem continue. “Se não houver chuva em outubro, pode haver um encarecimento ainda maior da carne no começo do ano”, alerta o pesquisador.
Dados do MapBiomas revelam um aumento alarmante nas queimadas em áreas de agropecuária. Em Limeira (SP), as queimadas cresceram 1.593% em comparação com o ano passado, enquanto Piracicaba registrou um aumento de 707%. A maior parte das áreas afetadas pertence à agropecuária, o que acende um alerta sobre a sustentabilidade do setor no Brasil.