O Produto Interno Bruto (PIB) do Agronegócio Brasileiro, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq-USP, registrou uma queda de 1,28% no segundo trimestre de 2024. Com isso, a retração acumulada no ano já chega a 3,5%, conforme levantamento divulgado nesta quarta-feira (16). O estudo é realizado em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Fatores Contribuintes para a Retração
Os pesquisadores apontam que a continuidade da queda no PIB do agronegócio é influenciada por preços mais baixos e uma redução na produção de commodities. O relatório destaca que a agricultura enfrenta desafios significativos, especialmente em relação à soja, milho e cana-de-açúcar.
O desempenho do PIB do Agronegócio também revelou uma queda de 2,68% para insumos e de 1,77% para o segmento primário. Além disso, as agroindústrias apresentaram um recuo de 0,62% e os agrosserviços caíram 1,15%.
“O PIB do agronegócio pode corresponder a 21,8% do PIB do Brasil em 2024, uma redução em relação aos 24% registrados no ano anterior”, destacou o Cepea.
Segmentos Afetados
O ramo agrícola teve uma queda significativa de 1,22% no segundo trimestre, acumulando uma baixa de 5,1% no ano. Em contraste, o PIB do ramo pecuário também enfrentou uma diminuição de 1,2% no trimestre, mas ainda mantém uma leve alta de 0,5% em 2024. Isso se deve ao bom desempenho dos segmentos agroindustrial e de agrosserviços, que cresceram 5,29% e 3,78%, respectivamente.
O segmento de insumos teve uma queda acentuada de 8,13% nos primeiros seis meses de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023, com o insumo agrícola caindo 11%. A pressão sobre esses setores foi causada pela redução dos preços e da produção de fertilizantes, defensivos e máquinas agrícolas.
Impacto Geral na Economia
O primeiro trimestre de 2024 também foi desafiador para o agronegócio, com uma performance de R$ 2,45 trilhões, uma redução de 2,20% em relação ao mesmo período do ano passado. A baixa nos preços e a expectativa de queda na produção de commodities essenciais como algodão, café, milho e soja afetaram a participação do agronegócio na economia nacional, que deve ser de aproximadamente 21,5% em 2024.
O estudo sobre o PIB do Agronegócio é fundamentado em dados do IBGE e abrange não apenas a agropecuária, mas também atividades industriais e de serviços conectadas ao setor. Segundo a professora Nicole Rennó Castro, essa abordagem fornece uma visão mais abrangente do impacto econômico do agronegócio no Brasil.
A retração contínua do PIB do agronegócio sinaliza desafios significativos para o setor, que poderá necessitar de estratégias para recuperação e sustentabilidade em um cenário econômico complexo.