A Justiça revogou nesta terça-feira (6) o mandado de prisão temporária contra Henrique Moreira Lelis, conhecido como “Ditão Mancha”, um dos oito torcedores do Palmeiras investigados pela emboscada a torcedores do Cruzeiro, no final de outubro, em Mairiporã, Grande São Paulo. A decisão foi tomada após a defesa apresentar argumentos de que Henrique estava em outro estado, no Rio de Janeiro, no momento do ataque. O Ministério Público (MP) e a Polícia Civil concordaram com o pedido de revogação.
Novas investigações e prisões continuam
Apesar da revogação da prisão de Henrique, a Justiça manteve as prisões temporárias de outros sete membros da torcida organizada Mancha Alviverde, envolvidos no ataque que resultou na morte de um cruzeirense e deixou 17 outros feridos. As investigações indicam que o ataque foi motivado por um desejo de vingança contra a torcida do Cruzeiro, em resposta a um episódio de agressão sofrido pelos palmeirenses em 2022, em Minas Gerais.
O Ministério Público e a Polícia Civil seguem apurando a participação de outros membros da Mancha no crime. Até o momento, apenas um torcedor da organizada foi preso: Alekssander Ricardo Tancredi, detido na última sexta-feira (1º). Os outros seis suspeitos continuam foragidos e são procurados pelas autoridades.
Ataque violento e apreensões
O ataque ocorreu no dia 27 de outubro, na Rodovia Fernão Dias, quando cerca de 150 torcedores da Mancha Alviverde atacaram dois ônibus que transportavam membros da Máfia Azul, a principal torcida organizada do Cruzeiro. Durante a emboscada, os agressores usaram barras de ferro, rojões e até bolas de sinuca para agredir os cruzeirenses. Um dos ônibus foi queimado, e outro ficou totalmente depredado.
Após o ataque, os torcedores fugiram e postaram vídeos nas redes sociais, o que ajudou a identificar alguns dos agressores. A polícia e o MP conseguiram apreender diversas barras de ferro, pedaços de madeira e rojões usados no ataque, além de documentos e máquinas de cartões bancários na sede da Mancha Alviverde, em São Paulo. Também foram encontrados objetos como mochilas com roupas manchadas de sangue, que passarão por perícia.
Mudança na investigação
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo anunciou que a investigação, que antes estava sob a responsabilidade da Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade), será agora conduzida pela 3ª Delegacia de Investigações de Homicídios Múltiplos do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Não foi explicado o motivo da mudança, mas ela ocorre após a revogação da prisão de Henrique Lelis.
Repercussão e punições
As torcidas organizadas envolvidas no ataque, a Mancha Alviverde e a Máfia Azul, se manifestaram publicamente sobre o incidente. A direção da Mancha Alviverde negou envolvimento com a emboscada, afirmando que não organizou nem incentivou o ataque, e lamentou profundamente o ocorrido. Já a direção da Máfia Azul repudiou a violência e se solidarizou com as vítimas.
O Palmeiras também se posicionou, repudiando os atos de violência e defendendo punições rigorosas para os responsáveis. O Cruzeiro também lamentou o episódio e pediu o fim dos atos criminosos nas torcidas organizadas.
Além disso, a Federação Paulista de Futebol (FPF) anunciou que acatará a recomendação do Ministério Público para proibir a presença de torcedores da Mancha Alviverde e seus uniformes nos estádios de futebol de São Paulo, como medida preventiva contra novos episódios de violência.
A investigação segue em andamento e pode resultar em mais prisões à medida que mais membros da torcida organizada sejam identificados. Quem tiver informações sobre o paradeiro dos suspeitos pode denunciar pelo Disque-Denúncia (181), de forma anônima.