Muitas vezes, em nome da produtividade ou do lazer, acabamos ignorando os sinais do corpo, como a vontade de urinar. Seja para não interromper uma reunião importante, terminar aquele filme no cinema ou mesmo durante uma viagem, a tentação de segurar a urina por mais tempo pode ser grande. No entanto, esse comportamento, quando repetido com frequência, pode trazer sérios riscos à saúde, alertam especialistas.
De acordo com Jason Kim, professor de urologia da Universidade Stony Brook, nos Estados Unidos, e diretor do Centro de Saúde Pélvica e Continência Feminina, os rins produzem urina, que é transportada até a bexiga por dois tubos chamados ureteres. Quando a bexiga atinge cerca de 400 a 600 cm³, sinais neurológicos informam ao cérebro que é hora de urinar. O cérebro, então, transmite um comando para a bexiga, relaxando o esfíncter uretral e promovendo a expulsão da urina. O processo, que é reflexo de um sistema neurológico complexo, tem como função evitar a eliminação de urina em momentos inadequados, garantindo maior segurança ao organismo.
Contudo, segurar a urina pode ter efeitos negativos no corpo. Um dos maiores riscos associados a esse comportamento é o aumento da possibilidade de infecção urinária, já que a retenção de urina cria um ambiente favorável ao crescimento de bactérias no trato urinário. Jamin Brahmbhatt, urologista do Orlando Health, explica que, se não tratada, essa infecção pode alcançar os rins e evoluir para uma pielonefrite, uma infecção renal grave que, se não controlada, pode causar septicemia urinária.
Outro risco da retenção urinária frequente é o enfraquecimento dos músculos da bexiga. Isso ocorre quando os músculos ficam sobrecarregados e, com o tempo, perdem a capacidade de esvaziar completamente a bexiga. O ciclo vicioso se estabelece quando a urina residual cria ainda mais risco de infecção.
Em casos mais graves, a retenção urinária pode levar ao retorno da urina para os rins, o que pode causar hidronefrose (dilatação dos rins devido ao acúmulo de urina) ou danos renais permanentes. Outros sintomas incluem dor abdominal, cólicas e até cálculos na bexiga.
Especialistas afirmam que, para a maioria das pessoas saudáveis, segurar a urina por algumas horas, em situações ocasionais, não é prejudicial. Porém, quem ignora a vontade de urinar com frequência, especialmente ao longo de semanas, pode estar comprometendo a saúde da bexiga e dos rins. Pessoas com problemas de saúde, como idosos, gestantes ou indivíduos com doenças renais ou bexiga neurogênica, devem redobrar os cuidados.
Portanto, embora a vontade de adiar o alívio da bexiga seja comum, é essencial prestar atenção aos sinais do corpo e priorizar a saúde urinária. Quando sentir necessidade, a melhor opção é sempre atender à vontade do corpo e evitar colocar a bexiga em risco.